Depois de 30 anos afastada dos palcos, a atriz e autora Daniele Tavares estreia o solo Etiqueta do Luto – ninguém pergunta nada à mãe da menina morta, em que relata uma experiência pessoal e devastadora: a morte de sua filha, aos 21 anos, no dia 24 de novembro de 2015, em circunstâncias obscuras e sem causa definida. O espetáculo, com direção de Marcelo Varzea, tem sua temporada de estreia de 8 de novembro de 2025 a 15 de dezembro de 2025, no Teatro Pequeno Ato, com sessões às sextas, aos sábados e às segundas, às 20h; e aos domingos, às 19h. Dez anos depois dessa perda irreparável, Daniele retorna ao episódio a partir do teatro autobiográfico, construindo uma narrativa em que memória e presença se confundem, num esforço de elaborar o luto e a saudade que não passa.
“Minha filha sonhava em ser atriz, e de alguma forma, estar novamente no palco é um reencontro com ela — um modo de seguir perto, de continuar o diálogo que a vida interrompeu. No início, precisei dar espaço para que a mãe pudesse aparecer. E, aos poucos, quando ela se sentiu em um lugar seguro, deixei que viessem à tona todas as minhas dores, medos e culpas. À medida que o processo foi se delineando, fui conseguindo o distanciamento necessário para criar como escritora e como atriz”, revela Tavares.
O trabalho levanta questões urgentes sobre saúde mental na adolescência e juventude, a regulamentação de medicamentos no Brasil e, sobretudo, o tabu em torno do silêncio que se impõe às mães que perderam filhos: a impossibilidade de perguntar, de falar, de compartilhar.

Em 2023, Daniele já havia publicado o livro Parte de mim (Ed. Quelônio), em que abordava de maneira poética essa experiência de perda. Agora, junto com a estreia de Etiqueta do Luto – ninguém pergunta nada à mãe da menina morta -, lança pela Editora Giostri o livro com a dramaturgia do espetáculo, assinada por ela e com o dramaturgismo de Marcelo Varzea, Mariela Lamberti e Bruno Rods.
Sobre esse novo trabalho de escrita, a atriz e escritora diz: “No início, o Marcelo desconstruiu o meu livro e reorganizou alguns trechos como provocação e ponto de partida para esse novo texto. A partir daí, comecei a acrescentar novas informações, novas memórias. E as perguntas instigantes do Marcelo e do Bruno Rods sobre o que havia acontecido me levaram a buscar respostas para questões que eu mesma ainda não sabia responder. O texto nasceu um pouco a cada dia — junto com as pesquisas, os ensaios e as lembranças que iam voltando em cada conversa. Foi um processo muito vivo, delicado e transformador, em que a dor foi, aos poucos, se convertendo em palavra, em cena e, finalmente, em arte”.
O trabalho, de acordo com Marcelo Varzea, dialoga com a pesquisa que ele desenvolve sobre autoficção e outras narratividades, iniciada por Silêncio.Doc, inclusive com publicação na Cobogó, Dolores e O que meu corpo nu te conta? “A partir de suas memórias sobre a perda da filha, organizamos um dispositivo dramatúrgico em que o real é atravessado por elaboração poética e exercício de imaginação. O solo inscreve-se nesse território híbrido em que memória, corpo e palavra formam um gesto político contra o esquecimento”, comenta.
Serviço
Etiqueta do Luto – ninguém pergunta nada à mãe da menina morta
Temporada: 8 de novembro de 2025 a 15 de dezembro de 2025
Às sextas, aos sábados e às segundas, às 20h; e aos domingos, às 19h
Teatro Pequeno Ato – Rua Dr. Teodoro Baima, 78 – República – São Paulo – SP
Ingressos: R$ 80 (inteira) | R$ 40 (meia-entrada)
Vendas online em https://www.sympla.com.br/
Telefone: (11) 996428350
Capacidade: 40 lugares
Acessibilidade: o espaço não possui acessibilidade para pessoas cadeirantes ou com mobilidade reduzida.
Redes Sociais: @etiquetadoluto @coletivoimpermanente
Créditos: Pombo Correio Assessoria de Comunicação



